Sobre o que é a blogosfera e que tipo de comunicação ela veicula, já se escreveram e estão a escrever teses de mestrado e doutoramento.
Creio que é que é necessário situar essa realidade no contexto.
E o contexto é o seguinte:
Há 10 anos não existia a blogosfera, existia a Web e o e-mail, que eram manobrados por protagonistas mais ou menos conhecedores, entusiastas e de boa fé.
Entretanto o número de pessoas ligadas à net cresceu exponencialmente e hoje há uma imensa multidão de internautas que são quase totalmente analfabetos em termos de net: não conhecem os perigos mais evidentes (vírus, intrusão, furto de identidade digital) e não têm a menor noção da “nettiquette” (aliás a própria “nettiquette” tem sofrido grandes evoluções, a meu ver, para pior, em função da massificação dos internautas analfabetos).
Entretanto apareceu a blogosfera.
Repare-se que nos primeiros anos para se fazer uma página na net era preciso saber fazer programação em “html”, o que restringia muito o número de protagonistas.
Com as ferramentas informáticas entretanto aparecidas, que tornaram numa operação facílima a conversão de textos para hipertextos (Word, Frontpage) e principalmente com o desenvolvimento da blogosfera, passou a ser possível a qualquer pessoa com um equipamento mínimo e quase sem conhecimentos especiais tornar-se protagonista principal.
A aldeia global, que era razoavelmente equilibrada e auto-regulada, passou a ser devassada por imensas hordas de cavernícolas.
Com o anonimato tido por coisa normal e até louvável, passou a chover peçonha e lixo por todos os lados.
Os últimos 5 anos foram assustadores: é raro apanhar uma página na net que não contenha umas quantas imbecilidades – contras as quais não há nada a fazer, pois derivam do baixo nível generalizado dos internautas e esse nível só poderá subir com poderosas alavancas culturais generalizadas.
Nada disso acontece por enquanto.
Creio que estamos numa fase de completa barbárie na Internet, mas essa barbárie poderá ser o princípio de qualquer coisa melhor.