Blogosfera irrespirável
A blogosfera começa a tornar-se irrespirável.
Abundam as private jokes, as piadas poucos recomendáveis sobre a honorabilidade ou sageza do(s) interlocutor(es), os exercícios onanistas de jogos de palavras, os insultos frequentemente acobertados no anonimato.
Mas o pior de tudo é o puro ódio visceral que se manifesta das formas e nos locais mais inesperados(as) a propósito de tudo e de nada, maxime a propósito de ideias políticas.
É impressionante ver como é possível em virtude de uma discordância construir-se um processo de intenções de parte a parte com tanta facilidade como se bebe uma bica matinal.
As chapuçadas de ódio e o lançamento de trampa em cima de tutti quanti demonstra até que ponto somos primitivos, saloios, incultos e totalmente impreparados para vivermos em sociedade.
A seguir ao 25 de Abril, num período de compreensível tensão (pois não é impunemente que se ultrapassam 48 anos de ditadura) era normal qualificar-se um tipo de “pide” ou de “fascista” mal o desgraçado manifestasse a mínima reserva sobre as “conquistas revolucionárias” que hoje sabemos que não eram conquistas nenhumas.
Hoje começa a ser vulgar apelidar-se um tipo de estúpido e mal intencionado se ele se atreve a pôr em causa a excelência da política governativa – e inversamente, é corrente a atribuição de carácter graxista, subserviente, vendido, a quem de alguma forma manifesta apoio a essa política.
Na blogosfera esses fenómenos são elevados em potência e tudo o que há em nós de primitivo, boçal, cruel ou cobarde, aparece em superlativo de uma forma que até dói - tudo muito potenciado pelo anonimato.
Começo a ficar farto desta blogosfera e não tenho grande interesse em explorar outras paragens cibernéticas.
A vida é curta.
Demasiado curta para nos perdermos em ódios e em exercícios de narcisismo literário inconsequentes e no fundo sempre lamentáveis.
Calhando, o melhor é partir para outra.
Abundam as private jokes, as piadas poucos recomendáveis sobre a honorabilidade ou sageza do(s) interlocutor(es), os exercícios onanistas de jogos de palavras, os insultos frequentemente acobertados no anonimato.
Mas o pior de tudo é o puro ódio visceral que se manifesta das formas e nos locais mais inesperados(as) a propósito de tudo e de nada, maxime a propósito de ideias políticas.
É impressionante ver como é possível em virtude de uma discordância construir-se um processo de intenções de parte a parte com tanta facilidade como se bebe uma bica matinal.
As chapuçadas de ódio e o lançamento de trampa em cima de tutti quanti demonstra até que ponto somos primitivos, saloios, incultos e totalmente impreparados para vivermos em sociedade.
A seguir ao 25 de Abril, num período de compreensível tensão (pois não é impunemente que se ultrapassam 48 anos de ditadura) era normal qualificar-se um tipo de “pide” ou de “fascista” mal o desgraçado manifestasse a mínima reserva sobre as “conquistas revolucionárias” que hoje sabemos que não eram conquistas nenhumas.
Hoje começa a ser vulgar apelidar-se um tipo de estúpido e mal intencionado se ele se atreve a pôr em causa a excelência da política governativa – e inversamente, é corrente a atribuição de carácter graxista, subserviente, vendido, a quem de alguma forma manifesta apoio a essa política.
Na blogosfera esses fenómenos são elevados em potência e tudo o que há em nós de primitivo, boçal, cruel ou cobarde, aparece em superlativo de uma forma que até dói - tudo muito potenciado pelo anonimato.
Começo a ficar farto desta blogosfera e não tenho grande interesse em explorar outras paragens cibernéticas.
A vida é curta.
Demasiado curta para nos perdermos em ódios e em exercícios de narcisismo literário inconsequentes e no fundo sempre lamentáveis.
Calhando, o melhor é partir para outra.
3 comentários:
Tem toda a razão, meu amigo. Por isso elegi o meu próprio circulo de amigos virtuais e, chamem-me o que quiserem, mas não quero outros.
É isso mesmo, 100anos. O seu procedimento revela esperteza e prudência, Blimunda. Se formos selectivos a montante, reduzimos as probabilidade de termos desilusões a jusante.
Realmente há certo tipo de gente com quem não é possível dialogar.
Não me refiro só aos alarves que insultam a torto e a direito tudo e todos.
Refiro-me a certos tipos que estão convencidos de que são o suprasumo, o sal da terra, o melhorzinho que há: vê-se pela forma como se exprimem que estão sinceramente convencidos disso, aquilo não é teatro, é mesmo assim, os tipos acham-se mesmo bons.
Quando um tipo desses, do alto da sua incrível e incomensurável superioridade, inicia um diálogo dizendo “V. é muito boa pessoa mas não sabe o que diz, e o que diz é um conjunto de barbaridades porque V. não sabe o que diz”.
Isto é uma pescadinha de rabo na boca que me leva à tendência de responder uma coisa no género “V. com certeza que sabe o que diz, mas infelizmente não sabe é que é parvo” - depois, claro que travo este tipo de resposta e das duas uma, ou não respondo ou respondo com um sarcasmo qualquer que normalmente aquela suma inteligência não alcança.
Há uma data de gente a falar sozinha na blogosfera – mesmo quando tentam dialogar cada um fala para o seu lado sem se dar ao trabalho de ouvir e apreciar o que o outro tem a dizer, normalmente são dois monólogos cruzados.
Eu sou do tempo em que a descoberta da Internet, do correio electrónico, da comunicação on-line quase instantânea eram consideradas bênçãos da tecnologia à compreensão humana, eram riquezas que deviam ser acarinhadas e protegidas.
Fui uma das primeiras pessoas do meu grupo etário e profissional a usar a cibernética para fins que ultrapassavam o lúdico e eram já uma aproximação da comunicação técnica e científica que mais tarde alcançámos; ver esse sonho vilipendiado por tipos viciosos que se limitam a trazer para a rede os seus próprios e avantajados problemas, chateia-me.
E como bem dizem a Blimunda e o Jama, tendo a ser cada vez mais selectivo na troca de opiniões e de experiências pela net – um gajo farta-se de tanta imbecilidade e a única forma de se defender é ignorá-la.
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