Blog que trata dos livros, da leitura, da música e da reflexão política e social.


sábado, dezembro 09, 2006

Ah, la France !

Os dois últimos posts têm uma ligação.
Estou a reler Aquilino – “É a guerra” – onde ele explica exemplarmente como a corrente progressista/socialista francesa e europeia se deixou tomar pelo nacional patrioteirismo dos políticos de então.
Aquilino estava em Paris no Verão de 1914 e descreve com talento o avolumar da paranóia belicista, o início da guerra, as fanfarronadas de franceses e de alguns portugueses que pontificavam na diplomacia (um tal João Chagas, chefe da Legação portuguesa em Paris, é descrito como o protótipo do tipo medíocre alcandorado a um lugar importante na diplomacia à força de “cunhas”), as mentirolas constantes da propaganda, o realismo a tomar conta dos parisienses e o desânimo de ver os alemães a entrarem por França como por vinha vindimada, sem oposição à altura.
Foram decerto tempos muito conturbados – Jaurés tinha sido assassinado pouco tempo antes.
Brassens representa a herança progressista vazada em música e é um legítimo representante daquilo a que se convencionou chamar “la chanson française”.
(A suivre – se possível).

2 comentários:

Ni disse...

Sorriso enorme!
La chanson française!!!!
...
Que saudades de ouvir Brel!
...
Na fac, enquanto aluna, fiz um trabalho que me deu aquilo que se pode chamar verdadeiramente 'gozo' sobre a chanson française!
...
Acabei agora de avaliar testes... acho que mereço uns minutos de música... e ... lá vou eu... risos.

(Viste o meu comentário ao teu post sobre o teu gato? Desculpa ser tão...'à vontade', mas sou mesmo assim. Se fosse homem (ainda bem que não sou! Ser mulher está-me na essência! :) ...) nunca usaria aquela coisa ao pescoço... gravata... arghhhhhhhhhh).

...

Abraço

Ni*

100anos disse...

Olá Ni.
Sim, vi o teu comentário sobre gatos, que gostei muito de ler.
E não, não me importo de ser tratado com essa informalidade toda.
O meu gatinho (ou se calhar sou eu que sou dele, atenta a forma como tomou posse da minha pessoa) entrou para a família e é membro integrante da mesma, para o bem e para o mal.
É pequenote, meio magricela, “rodas baixas”, mas vivo que nem um alho.
Tenho uma paixão pelo bicho e ele retribui-me na mesma moeda – actualmente dá-se ao luxo de falar comigo, miando de uma forma especial e eu creio que percebo o que ele me vai dizendo, por vezes só quer mimo, outras vezes quer mesmo comer ou pretende qualquer outra coisa, normalmente petiscos, mas já me aconteceu ele miar de uma forma especial, levando-me a segui-lo pela casa e ele foi que nem um tiro para a casa de banho, onde havia uma inundação provocada por uma torneira mal fechada.
Sobre a canção francesa: há verdadeiros tesouros que vale a pena descobrir, o que nem sempre é fácil no meio da avalanche de música anglo-saxónica com que somos bombardeados (não é que eu não goste dessa música, mas detesto ser bombardeado).
Gosto muito da língua francesa e da canção francesa, embora tenha uma relação complicada com a francofonia militante – os intelectuais cá do burgo no meu tempo andavam com as “Oeuvres Choisies” (do Lenine, evidemment) debaixo do braço para mostrarem a sua sapiência, o que me dava uma irritação da qual ainda hoje não me curei totalmente.
Tenho alguns grandes amigos franceses e quando estou com eles aproveito para praticar o meu francês intensivamente, mas viajo pouco e eles também, por vezes ficamos anos sem nos vermos.
Vou continuar a pôr aqui volta e meia uma canção francesa, para nos irmos divertindo “avec les copains”.
Salut !
(Sobre a gravata: completamente de acordo).

eXTReMe Tracker