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domingo, janeiro 18, 2009

A prolixidade

A prolixidade é uma das características dos tempos que correm, onde o nivelamento é feito por baixo e onde as pessoas que falam e escrevem bem são cada vez mais raras.
Já alguma vez ouviram um dirigente de qualquer coisa declarar “eu espero e desejo e acredito e creio que...” ?
Pois.
O que menos preocupa o trapalhão é o facto de ter dito quatro vezes de seguida a mesma coisa numa única frase - se calhar até o fez de propósito, repetindo o discurso com pequenas variantes para encher o ouvido do público, mas nem por isso o seu discurso deixa de ser um monumento ao que há de mais piroso na língua portuguesa.
No decurso da minha aprendizagem alguém me explicou que a melhor forma de me exprimir seria dizer as coisas o mais sinteticamente possível, secamente, sem grandes adornos, com a preocupação maior de apelar à cultura e à inteligência do meu interlocutor.
É o que ainda hoje tento fazer.
E é por isso que não tenho a menor paciência para o hiper prolixo discurso político e mediático, cujos destinatários são obviamente imaginados como uma cambada de patetas alegres iletrados, semi-analfabetos, com um QI abaixo dos mínimos olímpicos e – principalmente – desprovidos de memória.
A prolixidade do discurso é o primeiro passo para a sua desqualificação.

1 comentário:

100anos disse...

Devo confessar que durante alguns anos via o problema ao contrário: parecia-me que provavelmente o erro era meu e chegava a ter alguma “inveja” de quem dizia o mesmo que eu com o dobro ou o triplo das palavras.
Depois comecei a aperceber-me de que a clareza do discurso era inevitavelmente prejudicada pelo excesso de verbosidade.
Hoje já não tenho dúvidas: aqueles tipos que falam pelos cotovelos e passam a vida a “dizer coisas” de uma forma verborreica e incontinente, são os que menos percebem do que estão a falar e normalmente não dizem duas certas.

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