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segunda-feira, maio 04, 2009

Peço desculpa por ter pedido desculpa...

Isto começa a parecer a versão partidária com 40 anos de atraso do antigo e celebrado "Peço desculpa por ter pedido desculpa" atribuído a Américo Tomás.
Então, e já agora, ninguém pede desculpa ao respeitável publicozinho, por aturar esta "pessegada" ?

1 comentário:

Henrique Mota disse...

I
“OPERAÇÃO CAMALEÃO”*

· CAMALEÃO – (do grego Khamaileon, leão da terra) 1. lagarto insectívoro, dotado de homocromia activa, que vive em África e numa parte da Ásia. Pode também encontrar-se no Sotavento algarvio. 2. Pessoa versátil.
(segundo a Enciclopédia Larousse)

– Indivíduo que com facilidade muda de opinião.
(segundo a Enciclopédia Diário de Notícias)

Parece-nos bem claro, após os habituais “ditos e contraditos”, que a ida do professor Moreira ao desfile do 1º de Maio, foi uma manobra política planificada por aqueles que desesperadamente tentam por todas as formas manter-se no poder. Sob tão mediático assunto, houve opiniões para todos os gostos, desde a condenação pela “brutal agressão” ao dito camaleão, aos que “não senhor, aquilo não passou de uma provocação”, sem esquecer da enorme legião dos que de imediato através de tudo o que era mediático, envolveram o PCP e a CGTP para um “exigente e formal pedido de desculpas”.
Não participámos no desfile do 1º de Maio por nessa data nos encontrarmos em Luanda; no entanto seguimos atentos as notícias que, quer pela televisão quer pelos jornais, foram profusamente divulgadas localmente.
Conhecemos ao longo da nossa vida política, os dividendos que estas situações dão aos que sem escrúpulos recorrem a tais processos, e mais alarmados ficamos quando chega ao nosso conhecimento, da existência de outras tentativas no mesmo período de tempo, de criar casos políticos de gravidade, envolvendo o PCP. Estamos concretamente a referir o grupo de elementos de determinada estrutura sindical que “inocentemente” foi arrancar cartazes da CGTP nas imediações do Centro de Trabalho do PCP, na avenida da Liberdade em Lisboa; chegou-me ainda ao conhecimento da estratégica colocação de um muito suspeito volume, em local de grande frequência pública. Simples coicidência?
Estas últimas manobras falharam graças à vigilância dos trabalhadores, pelo que “a brutal agressão” ao formoso camaleão, cumpriu os requisitos do plano traçado pelos que não olham a meios para atingir inconfessáveis fins. É que este tipo de indivíduos é potencialmente perigoso, pois servem às mil maravilhas para o acelerado retrocesso da democracia, embora permanentemente se intitulem democratas, eles que já vestiram outras camisolas e na ocasião se manifestavam grandes defensores dos trabalhadores e dos ideais de Abril.
Dá vontade de dizer “de camaleões está o mundo cheio”. Alguns para darem “estrutura legal” ao seu “camaleonismo” até afirmam (tentando justificar o injustificável) com a maior das canduras, abanando as orelhas, que “só os burros é que não mudam de opinião”.
Foi consumado o “acto”, mas ainda sobre tão “inocente provocação”, reportamo-nos a António Carvalho (Gouveia), que utilizando as páginas do semanário Expresso, de 9 de Maio, pergunta – “Mas afinal de contas onde estão as imagens da agressão ao professor Moreira?”. Esta questão colocada por António Carvalho, é por assim dizer a segunda parte da provocação. Afinal houve ou não agressão? É que a “Operação Camaleão” começou com a militante colaboração de um exemplar da dita espécie, que acabou com uma suposta e bem orquestrada “agressão”, “ingrediente” indispensável para dar ao PCP o estatuto, que os camaleões e outros quejandos da nossa praça, entendem ser o seu.
Mas a “Operação Camaleão” tem ainda outros ingredientes . referimo-nos ao estafado pedido de desculpas, quer por parte do PCP, quer pela CGTP.
Quantos aos comunistas não cola a tentativa de juntar o PCP à organização das comemorações do Dia Internacional do Trabalhador, e muito menos à pseudo agressão, mesmo que hipoteticamente algum dos seus militantes se tivesse envolvido, enquanto trabalhador, na “brutal agressão” (o que seria de alguns partidos políticos se alguém tivesse poder para os condenar por corrupção de militantes seus … está-se mesmo a ver o efeito!).
No que se refere à CGTP, recorremos ao que se passou relativamente à matéria em causa, na reunião da Comissão Executiva da maior central sindical portuguesa, realizada em Lisboa em 4 de Maio último. Na referida reunião o C.E. da CGTP recusou a proposta do seu membro Carlos Trindade para “um pedido de desculpas formais à delegação de PS, que foi convidada para o desfile do 1º de Maio”. A Comissão Executiva da CGTP recusou a proposta, porque os pedidos de desculpa “já tinham sido apresentados na altura, “… pelo Carlos Trindade e Manuel Carvalho da Silva” realçando ainda o facto de “Não haver qualquer convite formal, apenas tradição”, na integração de qualquer delegação partidária nas comemorações do 1º de Maio – Dia Internacional do Trabalhador, promovidas pela CGTP-IN.
Mas a “Operação Camaleão”, não se ficou por Lisboa; em Melgaço houve igualmente uma grosseira montagem por parte do Partido Socialista.
Em conclusão, ao longo dos tempos sempre ouvi com atenção a recomendação de que os “submarinos” são perigosos, mas pelos factos relatados, os “camaleões” são bem mais repelentes e agressivos… que me perdoem os inofensivos répteis.

Henrique Mota

II

O QUE SE DISSE …
O 1.º de Maio de 2009 ficou marcado pelo crescendo de conflitualidade que não é mais do que o reverso do meio milhão de desempregados que Portugal actualmente regista. No desfile da UGT, que esteve parado durante 40 minutos por causa de uma ameaça de bomba, João Proença exigiu mais medidas no combate à crise económica e social…

O secretário-geral do PS, José Sócrates, classificou hoje as agressões a Vital Moreira como "uma vergonha para a nossa democracia" e instou o PCP a condenar os incidentes e a pedir desculpa ao PS.

"Não consigo exigir pedidos de desculpa a quem está mal intencionado". Segundo Jerónimo de Sousa, "os trabalhadores não devem abdicar do seu direito ao protesto, à indignação e à luta", mas "que o façam com uma grande serenidade, designadamente no quadro das campanhas eleitorais que ai vêm, e não permitam que as grandes questões nacionais sejam derivadas para aquilo que o PS pretende".

A CAÇA AO VOTO PELA VITIMIZAÇÃO
O presidente da Câmara de Ponte da Barca, Jorge Vassalo Abreu, acusou hoje o coordenador da União dos Sindicatos de Braga, Adão Mendes, de atirar um copo de vinho para cima de uma comitiva socialista que integrava José Sócrates e Vital Moreira. Jorge Vassalo Abreu (PS) garante que foi o coordenador da União dos Sindicatos de Braga, Adão Mendes, quem liderou os protestos com que foram hoje recebidos em Melgaço o secretário-geral do PS e o cabeça de lista do partido às europeias. "É uma grande calúnia, uma mentira pura", acrescentou o sindicalista, reforçando que "ou ele [Vassalo Abreu] não sabe o que está a dizer ou vai ter que provar". O coordenador da União dos Sindicatos de Braga, Adão Mendes, negou hoje a autoria de qualquer agressão ou insulto em Melgaço a uma comitiva socialista que integrava José Sócrates e Vital Moreira. "Devem andar a ver fantasmas. Se têm imagens ou provas, que as mostrem. Eu não estava nesse lugar", garantiu à agência Lusa, Adão Mendes.
(Diário de Notícias de 2 de Maio de 2009)


Vital Moreira acabara de se desembaraçar da multidão que o acossava, atirando-lhe água e lançando insultos, quando, em resposta a uma pergunta de um jornalista, o cabeça de lista do PS às eleições europeias afirmou: “Já assisti a coisas destas há muitos anos atrás na Marinha Grande.”
(Público de 2 de Maio de 2009)

“Gostaria eu de saber que relação orgânica existe (se existe) entre os agressores e o partido de que sou militante há quarenta anos. São militantes também eles? São meros simpatizantes?.
(José Saramago – D. N. de 3 de Maio de 2009)

André Freire considera que a escolha de Vital para chefiar a delegação do PS no 1.º de Maio “cheira a oportunismo” e tem contornos de “sessão de campanha”.
E acrescenta “O Governo convive mal com os sindicatos, critica a CGTP, e Vital Moreira tem secundado o Governo nestas críticas. É estranho que o PS tenha enviado um candidato altamente colado ao Governo para uma manifestação da CGTP, como se fosse um agent provocateur”, diz, lembrando ainda que, até Novembro de 2007, o Executivo socialista instaurou processos crime contra mais de duas dezenas de dirigentes da Intersindical.
(BLOGGER – CAMARADOSCOMUNS – 3 DE MAIO DE 2009)

O PCP considerou hoje que o Governo está a fazer "um ajuste de contas" com o caso das agressões a Vital Moreira e exigiu um pedido de desculpas do PS aos comunistas e aos trabalhadores ... "Desculpas deve-as o PS sobretudo aos trabalhadores e ao povo português, àqueles que ficaram sem emprego, aos que vivem com baixos salários, aos que o dinheiro não chega para pagar as despesas, aos jovens empurrados para a precariedade e insegurança, às populações a quem encerraram serviços públicos, aos pequenos empresários arruinados nos últimos anos, a todos os que sofrem com a política injusta do Governo", sustentou Vasco Cardoso …”.
(Diário de Notícias de 4 de Maio de 2009)

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