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domingo, dezembro 24, 2006

Ai, as Boas Festas !

Nunca enviei um cartão de boas festas.
Correndo o risco de ser mal interpretado, nunca respondi a cartões de boas festas.
É para mim um mistério como e porque é que as pessoas em geral levam a sério essa prática beijoqueira emocional concentrada na segunda quinzena de Dezembro.
Lembram-me formiguinhas no seu eterno e incessante vai-vem, que se encontram no caminho, encostam as cabeças e seguem o seu caminho depois do ritual.
Aqui há uns anos rebentou um escândalo relacionado com fundações, que levou a um exame à lupa das contas de certas entidades, tendo-se apurado que num determinado ano um (salvo erro) Secretário de Estado tinha gasto em cartões de boas festas a bonita quantia de... 750 contos !!!
À conta da fundação, claro.
Na altura lembro-me de ter pensado, no meio do meu assombro, que devia ser interessante saber o que é que vai na cabeça de alguém que consegue gastar tal quantia em desejos de boas festas – tais cabeças são para mim um verdadeiro mistério e ainda hoje não as percebo minimamente.
É evidente que desejo boas festas a toda a gente – durante todo o ano, durante todas as festas e nos intervalos das ditas, o que eu mais quero é que toda a gente faça o favor de ser feliz.
Mas será preciso dizê-lo neste curto espaço de 15 dias ?
Será necessário alinhar nessa colossal osculação emocional para se ser uma pessoa civilizada ?
Deixo a pergunta – a minha resposta é evidente, mas como (mais uma vez) pareço estar em contradição com a esmagadora maioria das pessoas, tenho de admitir que se calhar quem não está a ver bem a coisa sou eu.
 

2 comentários:

Ni disse...

Olá.
...

Rezam as crónicas antigas (risos...) que desde que deixei de fazer desenhos nas paredes e nos sofás (vá-se lá saber porquê, as exclamações dos outros face ao resultado nunca eram de alegria!)... e me conformei em desenhar em papel, que sempre tive a vontade (concretizada) de escrever e desenhar cartas, bilhetes, bilhetinhos e afins, e oferecer.... fosse qual fosse a data.

Mimos. 'Ninices'.
Não só no Natal, mas sempre. Tal como os 'presentes'... (porque é que se chamarão 'presentes' aos 'presentes'?).

O maior prazer consiste em dar prazer a quem se gosta. Frequentemente, ao olhar para determinado 'objecto' (pode ser até uma simples pedra, um cristal, um lápis de cor - adoro lápis e canetas - ...) penso 'Hum...***** vai gostar'. E ofereço. Dou-me também no que gosto. (Nunca consegui oferecer algo de que não gostasse).
...
Tens razão por um lado... para quê gastar, nesta data, dinheiro, tempo, emoções, se não se perpetuarem mesmo após o Natal? Só agora é que é a época da fraternidade, dos gestos de boa vontade.... das mágoas afastadas?
Se assim for.... tudo o que se faça é cinismo.

Mas... e quem o faz durante todo o ano... porque não o há-de fazer também agora?


Eu faço.
Sorriso.

Posso oferecer-te uma palavra?

'docemente'(doceMENTE)

(imagina-a colorida de vermelho, laranja, amarelo... cores quentes).

Bom... momento a momento.

Sorriso.

Ni*

100anos disse...

Nina,
Vou interpretar esse doceMENTE como advérbio de modo.
Como seria a classificação segundo a TLEBS ?
Provavelmente seria uma coisa no género de "proposição triclínica com base num "doce" e no verbo "mentir" no presente do estultificativo parametrizado para a atropia epistemológica e sobretudo politicamente correcta", :):):) risos e mais risos.

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