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sábado, janeiro 13, 2007

Bernat, Arnau e Jonet

Estou a ler um livro que me fez deitar uma lágrima de emoção.
Falarei em geral sobre ele depois de ter acabado de o ler.
Para já, li uma parte que me deixou comovido:
Estamos em Barcelona, Idade Média, nela vive Bernat, um camponês inteligente que se emancipou e foi viver para a cidade, e o seu filho Arnau, de 8 anos.
Arnau brinca em Barcelona e faz um amiguinho, Jonet, um puto com menos 2 anos que ele.
O pequeno Jonet é filho de uma mulher adúltera, o seu pai biológico foi assassinado e o marido de sua mãe recusa-se a reconhecê-lo como filho.
Depois de algumas peripécias, Jonet, que inveja Arnau por ter um pai, chega à presença do pai do amigo, no meio de uma multidão; alguém diz que ele e Arnau são ambos filhos de Bernat e o puto olha, suplicante, para Bernat, com medo de ser rejeitado.
Bernat, um homem bom, olha-o nos olhos e pergunta-lhe: “queres ser meu filho ?"
E o miúdo, sem palavras, agarra-se à perna de Bernat e fica ali agarradinho sem dizer palavra, colando-se àquela perna com a força e o amor com que agarrava o mundo todo.
Nesse dia Bernat compreendeu e aceitou que tinha dois filhos. 

5 comentários:

Cleopatra disse...

Quando se fala em adopção...temos, (alguns de nós) a sensação de que nunca amariamos aquela criança como filho.
Não posso dizer se é assim.
Mas sei que há filhos que não são filhos, tão ou mais felizes com pais que não são pais, que os que o são de sangue etc etc etc...
Nestas coisas de pais e filhos.... é o coração que manda... e tenho visto amores ....
Bem, um dia conto-lhe duas ou três experiências fantásticas.
Uma boa noite .
leia o livro e depois conte-me!

100anos disse...

A história comoveu-me: Jonet é um puto reguila que anda aos baldões pela vida e adora o amiguinho, Arnau; Bernat é "eleito" como pai e aceita com naturalidade essa escolha que recaiu sobre ele.
No fundo Bernat é que foi adoptado pelo miúdo.

Ni disse...

Os laços mais fortes são os do afecto!

Quando uma criança nos 'adopta', mesmo em sentido figurado, é uma benção da vida... um sopro de anjo.
...
..
.

Sim, acredito em anjos. E sim, o amor é a força mais poderosa que existe... não o parentesco.

...

Este assunto toca-me muito profundamente. Não consigo escrever mais nada.

Ni*

100anos disse...

Segundo me explicou um dia um especialista, uma criança adoptada tem ela própria que gerir o seu processo de adopção interno e isso traduz-se em ela também adoptar a família onde foi acolhida.
Tenho ouvido falar de casos em que crianças adoptadas espalham a felicidade e o amor à sua volta de uma maneira enternecedora.
Trata-se de construir uma vida nova, de raiz, por parte dos adoptantes e do adoptado, em que os laços de amor e de confiança se vão criando dia a dia; creio que será difícil, mas conheço vários casos de adopção com sucesso que são exemplares.
É uma coisa brutalmente importante e compensadora na vida, saber dar alegria, confiança e amor a uma criança - e vê-la a reagir bem e a corresponder.

Cleopatra disse...

O elo que se cria, ou surge, ou acontece entre uma criança que é adoptada ( legalmente falando ) mas que adopta, na nossa maneira de ver estas coisas, é alo de extraordinário.

Há uma entrega , um cativar, um caminhar mão na mão ainda que em sentido figurado, que não é imposto por laços de sangue, nem principios sociais culturais ou familiares...
É expontâneo... é estranho, é magia...
Já assisti a magias dessas mesmo debaixo do meu nariz...é estranho, surpreendente.... é estranho....

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