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quarta-feira, abril 15, 2009

Sociedade de desperdício

Remetido durante alguns meses ao Alentejo profundo, por mor de obrigações familiares, descobri que estava constipado, com um pingo no nariz.
Como tenho cá poucos lenços, resolvi comprá-los.
Entrei numa lojeca tutti fruti de uma vilória/aldeola improvável e perguntei se tinham lenços.
A menina que estava a atender fez-me um sorriso luminoso e disse-me que sim – conduziu-me ao sítio onde estavam montes de pacotes de lenços de papel.
Perguntei-lhe se não tinham lenços de pano e ela olhou para mim com cara de quem olha um extra-terrestre e disse que não.
Comprei os lenços de papel.
Eram perfumados, com um perfume de bar de p... que me deixou mal impressionado (não tenho nada contra os bares de p..., mas se tiver que ser gosto de ser eu a escolher o cheiro a p..., enfim, adiante).
Depois assoei-me, que bem precisava.
Com essa assoadela foi-se um lenço.
No meu tempo usavam-se lenços de pano que depois de razoavelmente usados eram lavados e postos a servir de novo.
Com os lenços de papel,viste-lo !
Nova assoadela, novo lenço.
Esta merda desta sociedade de desperdício leva a que até uma porcaria de uma ranhoca dê origem a um desperdício.
Por cada constipação o mundo terá que reciclar provavelmente umas boas toneladas de papel.
Que raio de filme !

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