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sexta-feira, março 02, 2007

Contos Estelares - V


Capítulo II – Viagem pelo éter infinito

Neves olhou para a maquinaria da cabine que a rodeava e pensou como se enganara.
Estivera convencida de que o longo período de solidão que tinha começado iria ser entediante e chato, quando, pelo contrário, estava sempre a ser solicitada para as mais diversas tarefas.
Naquele momento acendeu-se a luz do robot Explorador, indicando mais uma vez que havia à frente um sistema solar possivelmente habitável; já era a 5ª vez que isso acontecia, nas restantes quatro vezes verificou-se rapidamente que era alarme falso.
Neves saltou e foi examinar o visor, onde já se estava outra vez a formar a mensagem “Demasiada radiação – impossível a vida humana”
Mais um falso alarme !
O grupo de naves há muito que tinha ultrapassado Alfa do Centauro, que estava a cerca de 4,2 anos-luz da antiga Terra – todos os planetas antes prometedores tinham sido contaminados pela implosão do sol terrestre, pelo que agora só havia uma coisa a fazer, tal como previamente combinado com os restantes: manter a formação de naves e seguir em direcção da nebulosa de Andrómeda onde a estrela Alfa de Andrómeda tinha à sua volta planetas prometedores; esta estrela estava a 97 anos-luz da antiga Terra e havia poucas possibilidades de a radiação libertada pela implosão do sol a ter afectado; ela e a sua gémea eram cerca de 200 vezes mais brilhantes que o sol e no seu núcleo registavam-se temperaturas da ordem dos 13.000 graus Kelvin.

97 anos-luz !
E as naves só podiam avançar à velocidade da luz, pois algumas delas não ultrapassavam tal velocidade – se queriam seguir juntos, os astronautas teriam que adoptar a velocidade dessas naves.
Neves ponderou o que deveria fazer.
Os outros astronautas estavam em hibernação, com os processos de envelhecimento praticamente parados; daí a 97 anos estariam mais ou menos na mesma.
Mas Neves estaria com mais de 120 anos e mesmo com as técnicas mais modernas de retardamento do envelhecimento estaria uma idosa muito mirradinha por essa época.
Lembrou-se a despropósito de uma frase do “Corsário Negro” de Emílio Salgari, que tinha lido na adolescência: “como resolver dilema tão atroz ?”
Mierda, mierda, pensou, estou metida numa embrulhada dos demónios.
Não, aquilo não podia ser assim, alguma coisa estava a falhar de certeza.
Neves introduziu os dados num computador portátil e esperou os resultados durante um bom bocado.
Finalmente apareceram: “Secção 3-C do Manual de Bordo, Capítulo 32, Versículo 10”.
Clicou no link respectivo e apareceu a regra do manual: “A nenhum membro da tripulação é lícito tomar decisões isoladamente que impliquem um período de tempo de adormecimento dos restantes superior a 10 anos; nessa eventualidade o tripulante deve acordar um adormecido qualificado e aconselhar-se com ele sobre a decisão a tomar; se as opiniões dos dois não forem idênticas ou razoavelmente semelhantes, deverão acordar um terceiro membro da tripulação, que desempatará”.
Bale !, suspirou Neves com alívio.
Decidiu acordar Cleópatra.

(continua)


10 comentários:

Anónimo disse...

Uma idosa muito mirradinha?
Não podia mudar isso?
Os outros passageiros da nave jovens e belos e eu velha e feia?
Não posso beber uma poção mágica para não alterar muito a minha aparência? A Cleopatra deve saber. Ela seduziu ao Marco António e a César, e usava cosméticos incríveis. vou perguntar-lhe quando acordar.

O cantor não é o Patxi Andion? Há tanto tempo que não o ouço. É para mim a música? Obrigada. Levaría também outros CDS ( O Rodrigo L~eao não é pimba)

100anos disse...

Vamos por partes, Neves (estás a transformar-te numa protagonista exigente):
Nunca serás uma idosa mirradinha, porque é evidente que eu vou inventar uma maneira de isso não acontecer - confia na minha imaginação.
Claro que a canção do Patxi tem a ver contigo, por supuesto, no ?
Nunca ouvi nada do Rodrigo Leão, não conheço o homem.
Se me voltam a dizer que ele não é pimba sem me explicarem quem diabo é o homem, eu grito !

Anónimo disse...

Rodrigo Leão nasceu em Lisboa em 1964. Foi em 1982 co-fundador dos Sétima Legião e em 1985, em conjunto com Pedro Ayres Magalhães dos Madredeus. Em 1993 publicou "Ave mundi Luminar", o seu primeiro trabalho a solo.
Para mais informação:
http://www.madredeus.com
http://www.rodrigoleao.pt

100anos disse...

Ó diabo, visitei os sites e não há dúvida de que o dito Rodrigo é um músico a sério - retiro tudo o que disse sobre a alegada pimbalhice do senhor, que estava a confundir com um outro cidadão.
Desculpem-me as fãs do dito e o próprio dito cujo, OK ?

Cleopatra disse...

Uffffffffffffffffff
1º Maravilha de música.
Adoro esta música
Ouvi anos a fio
Oiço anos a fio se fôr preciso.
Estou apaixonada por esta música...
Bem, não é que tenha que ver muito com os meus 20 anos de casada... não tem mesmo...
Mas é linda...LInda! LINDA!!!
Ando há "bué" Há procura dela para a colocar lá na minha moon mas o you tub não tem.

2ºVão-me acordar a mim??
Um adormecido qualificado?!
E vamos formar colectivo com quem?
Isto está a ficar muito interessante


Cremes? Produtos de beleza?
Sei de alguns sim. Feitos com produtos nunca imaginados mas naturais...
Bem.... dou umas dicas...
O sorriso, ...o amor,....uma pitadinha de ironia, uma pitadinha de mau humor, e muita muita, muita alegria... Algumas lágrimas... deixam os olhos muito brilhantes e a alma lavada...
Bem , depois ensino mais
Não se pode dizer tudo!

4º Mas, o que eu quero saber agora é , com quem vou formar colectivo para decidir a questão.

E apetece-me deitar a lingua de fora ao Rodrigo leão, digo, ao cem anos.
Bem feito!
Todos sabiam que ele não é pimba menos Vexa!!!

Outra coisa, com esta música não me acordem... deixem-me ficar só mais um bocadinho!

Cada vez gosto mais desta história.

Cleopatra disse...

Xau vou jantar. Tou num Pc que não é meu!
Mas estou noutra LUa.
Não me "chateiem" que eu agora tou na Lua!!

100anos disse...

Robô amigo,
O Cem está contigo
Obrigado pela apresentação
Com o Rodrigo Leão

Anónimo disse...

É difícil encontrar coisas de Patxi Andion. Há muitos anos que eu não sabia nada de ele. Nos anos setenta foi muito conhecido em Espanha, pelas canções, pelos filmes que fez e porque ele foi casado com a mulher mais bela da Espanha nessa altura: Amparo Muñoz, miss mundo. Espreitei na internet e descobrí que agora ele é professor da universidade de Castilla-la Mancha. A minha favorita era "Samaritana". o Cem fez que me lembrasse da minha adolescência. Gostava também de Serrat, de Luis Eduardo Aute, de Paco Ibáñez, de Luis Pastor (que fez há pouco tempo um Cd com poemas de Saramago), e de Pablo Guerrero, entre os cantautores dos setenta.
Com certeza que se perguntar, muitas pessoas não se lembram de Patxi Andion, como pode um português lembrar-se dele. Este Cem anos é uma caixa de surpresas!

Anónimo disse...

Como que gosta de música, uma visita aqui não deve ser tempo desperdiçado.
http://www.youtube.com/watch?v=HEZrB_FDw4c

100anos disse...

He, he, Neves, sabes lá as surpresas que te reservo, ainda faço de ti Almirante Geral da Frota Galáctica, se te portares como uma "Chefa" à altura das complicadíssimas situações em que te verás envolvida na viagem estelar.
Anónimo, a sua lembrança merece um abraço forte - estou a ouvi-los aos 3 guitarristas a tocarem como deuses o Mediterranean, bolas que até chateia ver a forma como eles tratam as violas por "tu".

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